O que é a Modelagem Ambiental e para que serve

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A modelagem ambiental é uma área do conhecimento que utiliza métodos e tecnologias de diversas ciências para compreender fenômenos e processos que ocorrem nos diferentes sistemas ambientais. Usam-se modelos para entender o clima, para simular a dispersão de poluentes ou para estimar a expansão do desmatamento sob diferentes cenários políticos.

Mas o que significa e para que serve a modelagem ambiental? Bem, modelos são representações simplificadas da realidade. Um mapa, por exemplo, é um modelo de um terreno. O fluxograma de um processo produtivo é um modelo do que ocorre na operação de um empreendimento. Ao elaborar um modelo, temos consciência de que estamos fazendo um desenho simplificado do que estamos observando na natureza, para facilitar nossa compreensão, comunicação e prospecção de possibilidades futuras.

Como bem retratado em um trecho do livro Alice no País das Maravilhas, se quiséssemos colocar 100% de todos os detalhes num mapa, precisaríamos de um mapa do tamanho original do terreno mapeado. Por outro lado, trabalhando com esquemas simplificados, podemos excluir características que não interessam à nossa análise. Por exemplo, ao fazer a planta da rede de eletricidade de um edifício, não precisamos representar a textura ou a cor do revestimento do piso, porque isso não nos interessa naquele momento. Assim, podemos nos concentrar no que importa para nosso objetivo: onde estão os cabos elétricos, resistências, interruptores e tomadas.

Desse modo, elaborar um modelo ambiental é representar um sistema ecológico, utilizando fluxogramas, mapas e softwares especializados, que permitem esquematizar os elementos e processos para entendermos o que está acontecendo na natureza. A modelagem permite ainda explorar, por meio de simulações, quais os possíveis futuros diante de diferentes situações, que chamamos de cenários. Por exemplo, podemos reproduzir como está o balanço hídrico de uma bacia hidrográfica, usando as quantidades de entradas e saídas de água ao longo dos cursos d’água. Também podemos estimar como ficaria esse balanço ao acrescentarmos novas captações, e até mesmo qual a capacidade limite daquela bacia.

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Utilidades para o setor privado, governos e organizações do terceiro setor

Como vimos, a modelagem pode ser bastante útil para compreendermos sistemas complexos, como é o caso dos sistemas ambientais. Também é  muito útil para subsidiar planejamentos com base em cenários possíveis. O terceiro setor, que geralmente têm uma parceria próxima com universidades, já vem descobrindo há muito o potencial da modelagem ambiental para enfrentar os desafios socioambientais. Desde fenômenos globais como as mudanças climáticas até processos locais como a perda de biodiversidade numa área protegida podem ser modelados, e os resultados nos auxiliam não só a entender essas situações, mas também diminuir os impactos e melhorar nossa capacidade de enfrentamento dos problemas ecológicos.

Cada vez mais, as ferramentas da modelagem têm sido conhecidas por analistas dos órgãos ambientais e do Ministério Público, e a demanda por estudos dessa especialidade tem aumentado. Governos, em todas as esferas – federal, estadual e municipal – precisam usar modelos ambientais para compreender seu território e para tomar decisões de médio e longo prazo antecipando possíveis tendências. Para onde estão se expandindo indústrias têxteis? E a agroindústria? Haverá água disponível para todos? Para onde está sendo direcionado o desmatamento daqui a dez anos? E hoje, onde devo concentrar ações de fiscalização em massa? Estas são algumas questões que a modelagem ambiental pode ajudar a responder.

As empresas também podem se beneficiar grandemente dessa ciência para reduzir riscos e maximizar o retorno de seus investimentos. Se a modelagem econômica e de mercado já está consolidada na cultura das empresas, a modelagem ambiental promete ser o próximo passo para subsidiar decisões estratégicas. Onde devo instalar meu parque solar de forma a melhor aproveitar a insolação e minimizar impactos ambientais? Será que a relação estéril-minério da minha jazida continua competitiva mesmo considerando os potenciais conflitos e custos que terei com um licenciamento complexo? E como posso reduzir os gastos com compensação ambiental aproveitando melhor minha propriedade?

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Fonte: Flickr

Cuidados no uso e leitura de modelos

Apesar de toda a utilidade e versatilidade da modelagem ambiental, é importante fazer uma ressalva. Não basta solicitar estudos de modelagem ou saber operar softwares que trabalham com simulações. É preciso conhecer as bases teóricas do processo a ser estudado e utilizar dados confiáveis para alimentar um modelo. Sem esses cuidados, os resultados podem não ser confiáveis. Como dizemos: gargabe in, garbage out (a entra lixo, sai lixo). Além disso, é importante que toda o público tenha consciência de que simulações não são uma bola de cristal. É impossível prever o futuro; o que os modelos fazem é apontar futuros possíveis diante dos dados conhecidos até aquele momento. Às vezes o próprio resultado de um estudo modificam o cenário, como aconteceu com a repercussão dos dados de simulação de desmatamento na Amazônia apontados por estudo do prof. Britaldo Soares-Filho em 2004. A publicação dos resultados e o alcance que teve na mídia contribuíram, junto com outros fatores, para disparar ações de toda a sociedade na contenção do desmatamento, mudando, dessa forma, a própria realidade que havia sido modelada. Esse fato nos ensina duas lições importantes: por um lado, que a modelagem ambiental é uma ferramenta de análises, não uma previsão de futuro; e que ela pode, de fato, contribuir para uma mudança da realidade para melhor.

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